A mãe da criança não
foi indiciada pela Polícia, mas denunciada pelo MP, por conta da morte do
pequeno Sigel Smit.
A juíza Danielle Pontes
de Arruda Pinheiro, da 5ª Vara do Júri de Fortaleza, no último dia 3, a
denúncia do Ministério Público (MP) contra o holandês Stefan Smit, 36; e sua
companheira, a cearense Antônia Cláudia Marques da Silva, 24. Eles deverão ir à
júri popular, sob a acusação de terem asfixiado mecanicamente o filho de 3 anos
e de tentarem ocultar o cadáver da criança.
O corpo do menino foi
descoberto pela Polícia, no dia 5 de junho. Quando Sigel Marques Smit foi
achado na cama do casal, envolto por uma manta plástica. Ele estaria morto há,
pelo menos, dois dias. O pai da criança teria comprado areia e uma caixa para
enterrar o filho clandestinamente. Os peritos que estiveram no Flat ´Porto
Jangada´, na Avenida da Abolição, onde o fato aconteceu, apreenderam todo o
material.
Para o promotor Walter Filho, tanto Sigel quanto o outro filho do casal eram maltratados e não recebiam a atenção do pai e da mãe FOTO: KLÉBER GONÇALVES |
Mãe
denunciada
De acordo com o
inquérito policial instaurado na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e
do Adolescente (Dececa), a mãe da criança não foi considerada culpada pela
morte. Por este motivo, apenas o pai foi indiciado pela delegada Ivana Timbó.
No entanto, o promotor
de Justiça Walter Silva Pinto Filho, responsável pela denúncia contra casal,
sustenta que Antônia Cláudia participou do homicídio. "A mãe aceitava o
tratamento desumano para os filhos pacificamente. Ela nunca denunciou os abusos
às autoridades, mesmo tendo caminho livre para fazê-lo", disse o promotor.
O holandês Stefan Smit, é da cidade de Roterdã. Ele estava irregular no Brasil, desde o ano de 2009 FOTO: KIKO SILVA |
Walter Filho alegou, ainda,
que a versão da acusada, de que vivia em cárcere privado, não é verdadeira.
"Não existiu isso. Ela podia sair (do flat) e tinha um interfone no
apartamento. Por que ela não usou para chamar alguém e falar sobre a situação?
Todo esse ritual macabro foi corroborado por ela, que não fez o menor gesto
para dar ao filho um enterro digno. Pelo contrário, ficou vigiando a criança
morta, enquanto o companheiro foi adquirir material para enterra-lo",
afirma.
"Eles (os filhos)
nunca receberam a devida atenção material dos pais e jamais foram submetidas a
qualquer tipo de assistência médica. Um simples olhar no estado físico dos
filhos é bastante para comprovação dos maus -tratos. As crianças só foram
registradas após a prisão dos delatados, o que revela o descaso que pai e mãe
tinham pelos filhos. Dois irresponsáveis que tratavam os filhos como animais
brutos", ratificou o representante do Ministério Público.
A cearense Antônia Cláudia Marques da Silva também foi denunciada pelo assassinato do filho FOTO: REPRODUÇÃO |
Continuam
presos
Stefan Smit e Antônia
Cláudia Marques estão presos desde o dia em que foram detidos em flagrante no
flat. O holandês alegou não ter condições de pagar um advogado e requereu um
defensor público. Já Antônia Cláudia pagou um advogado, que pediu sua liberdade
logo após a conclusão do inquérito policial, alegando que ela não havia sido
indiciada. No entanto, a juíza Valência Aquino negou o pedido e decidiu pela
manutenção da prisão preventiva da acusada.
Os pais de Sigel estão
sendo acusados de homicídio triplamente qualificado - por motivo torpe, de
forma cruel, e sem condição de defesa da vítima; além de maus-tratos, já que a
criança encontrada viva na casa apresentava sinais claros disto. "Entendo
que houve um vínculo psicológico em toda esta trama criminosa", diz o
promotor. O outro filho do casal está sob a tutela do Estado, em um abrigo,
depois de vários dias hospitalizado. O promotor elogiou o trabalho feito até o
momento e disse que, "a Polícia foi muito diligente. Cabe agora à Justiça
fazer a parte dela".
MÁRCIA FEITOSA/REPÓRTER
FONTE: DN
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