Após o assassinato de um dos chefes de gangue do bairro, o clima é tenso. Rivais do morto soltaram fogos.
A Polícia Militar voltou a ocupar as ruas do Conjunto São Miguel, em
Messejana, com o objetivo de impedir que novos conflitos entre as
gangues do Coqueirinho e da Mangueira venham a resultar em mortes e
pessoas baleadas. O clima ali está tenso desde a última sexta-feira,
depois do assassinato de um dos chefes de gangue do tráfico daquela
comunidade.
Francileudo
Ferreira Lima, 26, tido como responsável por vários assassinatos e que
chefiava a venda de entorpecentes na Favela da Mangueira, foi morto, com
dez tiros, logo após sair de uma audiência criminal no Fórum Clóvis
Beviláqua.
Cerco
Por determinação do Comando Geral da PM e do Comando do Policiamento da
Capital (CPC), um forte aparato foi deslocado para fazer o patrulhamento
no São Miguel. Desde o começo do ano, dez pessoas, entre elas, dois
adolescentes, foram assassinadas ali por conta da rivalidade entre os
criminosos moradores das duas favelas.
A ordem do comandante-geral da PM, coronel Werisleik Pontes Matias, foi
para que as patrulhas do Batalhão de Choque (BPChoque), BPRaio,
Cavalaria, Canil e do 16º BPM (Messejana) realizassem abordagens
constantes a pedestres, ciclistas e ocupantes de motos e automóveis. As
revistas são realizadas também em casas onde bandidos estariam
escondendo armas e drogas como maconha, crack, cocaína e psicotrópicos. A
Ciops recebeu várias denúncias anônimas durante o fim de semana
apontando tais locais.
Desde a noite de sexta-feira, a Polícia tem registrado a queima de fogos
de artifício no bairro. Bandidos da comunidade da Mangueira
continuavam, até a madrugada de ontem, comemorando a morte de
Francileudo. Além dos rojões, foram registrados também disparos de armas
de fogo.
Armado
Na noite de sábado, uma patrulha da PM apreendeu um adolescente de 15
anos, que portava uma escopeta de calibre 12. A prisão ocorreu na Rua
Clodoaldo Arruda. O menor foi levado para a Delegacia da Criança e do
Adolescente (DCA).
A intriga entre os gangueiros das duas favelas tem produzido uma
sequência de homicídios no São Miguel desde 2009. A maioria das vítimas
dos assassinatos tinham envolvimento com o tráfico. Contudo, vários
moradores, inclusive crianças, já morreram ali atingidas por balas
perdidas disparadas em meios aos tiroteios entre os criminosos.
O primeiro crime registrado no São Miguel, neste ano, aconteceu às 19h31
do dia 9 de janeiro. Foi um duplo homicídio que aconteceu na Rua Neném
Arruda, quando foram mortos o adolescente Marcelo Tiago dos Santos, 15; e
Renato Sousa Mourão. No dia seguinte, na mesma rua, foi executado o
garoto Francisco Antônio de Sousa, 14, que havia ido ao local onde seu
amigo, Marcelo Tiago, fora executado.
Na madrugada do dia 13 de janeiro, veio o revide. Mais um duplo
assassinato aconteceu naquela comunidade, quando foram mortos Francisco
Leonardo Cosmo Correia e Elivanda Oliveira da Silva. Os dois trafegavam
de moto e voltavam de uma festa, quando foram interceptados pelos
assassinos em outra moto e fuzilados na Rua Elizeu Oriá.
Mais crimes
A sequência de crimes teve continuidade na noite do dia 18 de janeiro,
quando foi assassinado Rômulo Matias da Silva, na Rua Joaquim Frota. Já
no dia 4 de fevereiro, Ewerton Silva Costa foi fuzilado na Rua Rio
Pardo.
Por volta do meio-dia de 6 de fevereiro, um novo tiroteio no São Miguel
terminou na morte de um jovem identificado como José Waldir dos Santos.
Mais dois assassinatos aconteceram ali. O primeiro, na tarde de 27 de
fevereiro, quando tombou sem vida, com vários tiros de pistola, Felipe
Cruz da Silva. O segundo caso teve como vítima José Wilton Sousa da
Silva, morto na Favela Coqueirinho.
Já o assassinato de Francileudo, apesar de não ter ocorrido no São
Miguel, teve ligação direta com os crimes praticados naquela comunidade.
Ele era apontado como autor de, pelo menos, seis execuções sumárias,
entre elas, dois duplos homicídios. A Divisão de Homicídios e Proteção à
Pessoa (DHPP) tem pistas dos criminosos, que abandonaram o carro usado
na fuga , um Voyage, na Rua Salvador Mendonça, no Parque Manibura.
FERNANDO RIBEIRO/EDITOR DE POLÍCIA
FONTE: DN
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