quinta-feira, 11 de julho de 2013

A morte de MC Daleste... Reflita.

A morte do MC Daleste não está sendo desprezada pelos policiais que a investigam. Deve ser apurada com a mesma ênfase de qualquer outra, vidas humanas não são valoradas de maneira desigual. É preciso identificar a autoria e esclarecer as circunstâncias, para verificar se justificam a conduta de quem praticou o ato. Mas o fato é proveitoso para se obter um retrato do pensamento de parte da sociedade.

A comoção vista nas redes sociais é expressiva, um grande número de pessoas acompanhou o sepultamento, a Guarda Civil teve trabalho para conter o tumulto no cemitério. Mas qual a bandeira que esse indivíduo carregava? Seus versos deixam claro:

"Matar os policia é a nossa meta

Fala pra nós quem é o poder
Mente criminosa coração bandido
Sou fruto de guerras e rebeliões
Comecei menor já no 157
Hoje meu vicio é roubar profissão perigo
Especialista formado na faculdade criminosa
Armamento pesado ataque soviético e que esse
É o bonde do mk porque quem manda aqui
É o 1 p e 2 c fala pra nois que é o poder"

A opção da vida dele foi pelo crime, viver fora da lei, contra a sociedade organizada. Cantava o funk ostentação, que enaltece o valor dos bens materiais e sugere a via criminosa como meio de acesso ao patrimônio.

A posição da família é compreensível, o pai do finado disse que “Foi inveja, inveja mata!”. Por certo, quem tem inveja desse tipo de sucesso é perfeitamente capaz de praticar homicídios e outros crimes violentos. “Era um menino muito bom, carismático, dócil”. Era mesmo, ó:

"Vai ser na zona sul que vamos atuar

Por em ação esse assalto
Pike homem bomba nois parte pra pista
Sem medo nenhum é toma lá da cá

A defesa da reputação, apesar das evidências de desvio de conduta, é feita de modo entusiasmado pelos fãs. Os “colegas de profissão”, como o MC Guimê, frisam em suas mensagens um pensamento curioso: “Nossa única arma é o microfone!”. É né? Tá certo… Melhor é a franqueza do MC Buru: “Daqui a uns dias o MC vai ter que cantar com microfone em uma mão e [arma] automática destravada na outra”. É assim que eles pedem paz.

Agora pare e pense (e se quiser, pesquise) quantos seguidores tinha esse líder. Quantas curtidas ele recebia por dia. É esse o tipo de herói cultivado pela ideologia Vida Loka. Só faltam manifestações fechando a Avenida Paulista em protesto contra a morte do grande cantor. Sabe por que (ainda) não tem? Porque ele não morreu em confronto com a Polícia.

Muitos policiais são recebidos a tiros por elementos armados, se sobressaem no confronto e acabam sendo condenados pela opinião pública e algumas autoridades. Depois que morre, todo mundo é bom, a família defende a qualquer custo, vizinhos não medem esforços, os amigos ficam ao lado da vítima, coitadinho. Essa é a realidade que alguns bons policiais insistem em querer mudar, a da inversão total de valores. É uma luta vã? Vale a pena?

Vá em frente, não desista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário