sábado, 18 de maio de 2013

Segurança pública do estado do Ceará: Crise da incompetência de gestão.

Com o título “Pacote de segurança: um traque no tiroteio”, eis artigo do publicitário e poeta Ricardo Alcântara. Para ele, o conjunto de novos investimentos anunciado na semana passada pelo governador Cid Gomes para a área da segurança pública não resolverá o maior problema: a questão de gerência. O que a população acaba de receber do governador Cid Gomes – mais 70 milhões de investimentos em segurança pública como resposta aos seus anseios de paz – teve o impacto de um traque no meio de um tiroteio: a reação foi de indiferença. Ali, se afronta os fatos ao insistir no grave equívoco de comprar veículos de alto custo, quando o esforço já se revelara excessivo face aos ganhos. 

É tão eficaz quanto tentar abrir uma porta pintada na parede. Vão rasgar dinheiro. De novo! Recursos, o atual governador do Estado não se negou a gastar: foi quem mais investiu em segurança. Logo, ao agravamento do problema, o governo ofereceu a menos acreditada entre as respostas que a sociedade poderia dele esperar. Se os recursos são necessários, pelos resultados obtidos mais do que provado está que, aplicados sem suficiente competência, gastá-los é como jogar pérolas aos porcos: eles nada saberão o que fazer com elas. 

A incompetência é perdulária. Sem um plano de abordagem, maturado com inteligência técnica e discutido com a sociedade para com ela gerar uma sinergia cooperativa, gastar mais 70 milhões será como entregar um punhal nas mãos de uma criança. Vem mais sangue por aí. O recurso que neste momento tanta falta faz ao governo, a ele os cofres públicos não pode oferecer. 

É algo sobre o qual tampouco sua bancada parlamentar poderia legislar, nem os meios de comunicação lhe oferecer: a ele falta humildade. Humildade para, olho no olho, confessar à sociedade o fracasso de todo o esforço e com ela estabelecer um novo pacto. Humildade para acolher, dos governos bem sucedidos na abordagem do problema, o relato de suas experiências. Enfim, ouvir. Incrível como algo tão simples possa parecer constrangedor para alguém que talvez esteja – por trás de sua mal construída persona autossuficiente – exigindo de si uma resposta complexa, que não cabe somente a ele encontrar. 

Dizem que o governo reage mal a palpites de gente assim, “sem especialização na matéria”, mas se a coisa desandou de vez quando tudo esteve sob o comando dos seus especialistas, nos valeria dizer: antes nossa ignorância do que vossa erudição. Mas tampouco dá o governo sinais de que os tem ouvido de fato: posto diante do problema, o que há de mais eloquente na postura oficial tem sido a acefalia de sua perplexidade muda. O governo esqueceu sua fala. Um menino teria dito mais. Logo, a julgar pela falta de boas respostas ao desafio, não erram os cearenses ao temer que nossos 70 milhões, a serem gastos para reforçar a corporação policial, só irão acrescentar mais alguns zeros à esquerda do problema. É trágico. Mas real.

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